Já debati isso muito em comunidades e fóruns, então pude perceber que não existe uma mudança que seja implantada perfeitamente sem que solucione problemas e gerem outros. A exclusão irá continuar de certa forma, afinal é utopia achar que qualquer aluno que não tiver score o suficiente pra passar em seu estado, terá condições de ir morar em outro lugar. Mas eu acho que o problema o qual estão tentando solucionar, poderá trazer sim bons resultados. A maioria dos universitários ingressos atualmente são ótimos calculadores e enciclopédias, mas ao lidar com situações problemas ou aplicabilidade do conteúdo, não conseguem desenvolver um raciocínio lógico que os sane. Daí muitos saem por não terem condições de permanecer ou então se formam às duras penas aumentando o número do exercito de reserva dos profissionais não bem qualificados. Claro que isso não atinge a todos, mas é uma realidade muito mais frequente do que imaginamos.
A iniciativa de modificar o vestibular não é solucionar todos os problemas da Educação no Brasil, ainda está muito longe disso, mas é sim selecionar perfis mais adequados ao que se exigem nas universidades, pessoas que tenham conteúdo, mas o mais importante: saibam canaliza-lo. O que de certa forma daria mais espaço aos estudantes que não tiveram acesso a um bom cursinho, ou um bom colégio, mas que tem capacidade de dimensionar melhor o conhecimento o qual pode adquirir; problema recorrente nas universidades. E sendo até um pouco mais utópico, partindo da ideia que maioria das escolas, tanto públicas quanto particulares, se baseiam no que é cobrado no vestibular para organizarem a grade curricular, essa mudança do vestibular pode trazer algumas mudanças na forma como o ensino é processado em algumas escolas. Isso não salva o governo, claro, de resolver a deficiência do ensino básico, mas pode sim ser um pontapé para alguma mudança, às avessas, mas é uma mudança o que exige um começo. Eu só acho precipitada a velocidade com a qual isso está ocorrendo ninguém estava preparado para isso.
Nem alunos, nem algumas instituições estão estruturados para essa mudança tão repentina. Acho que esse ano deveria ser feito somente com teste. Para as pessoas entenderem de verdade o que passará a ser exigido neste processo seletivo, afinal está tudo muito vago. A única referência que temos é o exame do SAT, que é exatamente um intermediário entre o "decoreba" do vestibular e as questões de raciocínio lógico exigidas pelo ENEM que conhecemos, não é lá um exemplo de avaliação, mas dão certo em outros países, quando são avaliados dentre outros critérios.
O Brasil é um dos países que mais se estuda física no ensino médio (em termos de quantidade de assunto), mas metade dos alunos não sabem, verdadeiramente, o significado de cada fórmula, só sabem "aplicá-las", ou melhor, substituir valores.
Aqui tudo é estudado superficialmente, enquanto outros países que não diversificam tanto em seu conteúdo, sabem aplicar e desenvolver projetos a partir de noções básicas de física. Isso é muito problemático no Brasil, pois além de falta de investimento do governo, temos a dificuldade de encontrar profissionais qualificadas para desenvolver conhecimento científico dentro das universidades, o que quase que não é feito! Estamos em 66° colocação dentre os países que produzem conhecimento científico, pode parecer nada mal para um país o qual foi colônia de exploração, mas é pouco pra o que sabemos que podemos fazer. Basta condicionar os estudantes a este tipo de enfoque. Como eu disse, sei que estamos longe de chegar a um patamar exemplar de educação, mas acho que adequar o perfil do estudante a aquilo que realmente se necessita nas universidades, irá fazer valer o próprio significado de Universidade.
domingo, 12 de abril de 2009
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